Elza Lima nasceu em Belém (1952). Fotografa desde 1984. Ela “foca” suas fotografias dirigindo o olhar ao homem ribeirinho do Baixo Amazonas, para as tradições culturais e o cotidiano das populações da região.
Contando essas histórias por intermédio da fotografia a fotógrafa paraense relembra o rico imaginário vivenciado na infância, ampliado com a leitura de clássicos, de obras sobre a Amazônia e de mitologia: “Acredito que um bom fotógrafo está sempre respaldado no imaginário. Meu trabalho é muito voltado para o sonho.”
Elza Já expôs seus trabalhos nos Estados Unidos, Espanha e França, Suíça, Alemanha e Portugal. Suas obras podem ser encontradas em coleções de Museus como o MASP e MAM do Rio de Janeiro.
1. Nos seus trabalhos quando retrata a região amazônica você relembra o imaginário vivido na sua infância e o materializa na fotografia? Caso sim, isso é instintivo?
Sim. Tem cenas que me levam a recordar não sei se vivências ou sonhos. Sempre fico na dúvida.
2. Sabemos que as experiências na infância formam o adulto de amanhã. Acredita que isso também reflete no estilo e fotografia de cada um, e por isso uns preferem uma narrativa mais leve e poética e outros temas mais diretos e pesados, digamos assim. Ou não se pode generalizar?
Não podemos generalizar, porém acho fundamental uma infância regada de intensa vida e muitos livros para treinar a imaginação. Acho que a leitura é quem primeiro forma o olhar.
3. Qual a conexão entre o literário e a construção da narrativa visual?
Para mim um é a extensão do outro.
4. Na sua análise o que uma fotografia deve conter?
Tudo que instigue o olhar, que o chame de uma forma definitiva, criando um diálogo com o pensamento.
5. Como acontece a construção dos seus projetos ? Tem uma sequência já definida ou pode variar de projeto para projeto? Por exemplo, um começa pela pesquisa, enquanto outro começou pela definição do tema.
Varia muito. Alguns já moravam dentro de mim e pedem passagem, outros eu tropeço no caminho e alguns começam com longas e prazerosas pesquisas.
6. Como analisa o atual momento da fotografia?
Estive em Tiradentes participando do Festival de Fotografia, lá tive o prazer de conhecer jovens fotógrafos com trabalhos maduros, bem apresentados e muito bem defendidos. Essa juventude de hoje sabe da vida. Acho que o atual momento é da fotografia. Ela, como ninguém, tem abordado temas pertinentes da atualidade.
7. Fale um pouco do seu livro lançado recentemente pela Ipsis.
O livro contém os 20 primeiros anos do meu trabalho fotográfico, teve o olho preciso do Eder Chiodetto, a excelente impressão da editora Ipsis e, para mim, um resultado primoroso.
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