Não há criatividade sem liberdade. Liberdade e criatividade andam lado a lado. E é nesse caminhar que me permito, experimento, ouso, invento, aceito e incluo os erros nas criações do meu fazer fotográfico. Por isso nesta novo momento e fase da carreira abraço esta liberdade para dizer que a cor passa a andar de mãos dadas com o preto e branco no meu trabalho fotográfico.
“As cores, como as características, seguem as mudanças das emoções.” Pablo Picasso
Entre as reflexões nesta busca, uma pergunta básica, mas primordial. O que me guia e faz meus olhos brilharem ao fazer fotografia? E aqui não estou falando necessariamente de tema – natureza, abstrato e questões da nossa cultura brasileira -, mas de conceito em si.
E assim ratifiquei – ou reencontrei esse propósito após um possível atropelamento por toda essa matriz doida do tempo e tecnologia que nos engolem se não despertarmos - e fascina na fotografia é me expressar por todas as infinitas possibilidades caminhando por vias como a artística, estética e visual.
Esse é o estilo que me encontrei, e acredite, leva tempo (esse, como qualquer outro estilo que lhe identifique). E tudo bem, pois quando falamos em arte, o tempo é aliado. Por que falamos de épocas distintas, experiências, conceitos variados, estilos, propósitos, intenções e com isso um aumento constante de repertório e uma série de outras somatórias.
Logo, um movimento constante que passa por um processo particular de cada um para reavaliar seu trabalho, seguindo com ele ou não; inserindo novidade ou não; criando variações ou não; mudando de rota ou não; Tudo depende e pode ser, assim é a arte.
E na fotografia essa é uma questão, de inserir uma visão artística, que existe desde sempre, e até hoje, vira e mexe ela volta a ser pauta. Como tudo que é novidade, ousar fazer diferente é ser “louco” e desde o começo já fadada ao insucesso. Afinal, como confrontar algo que foi criado para representar com fidelidade a “realidade”?
Alfred Stielgitz (1864-1946) é um dos pioneiros, se não o principal nome, nesta “loucura”, e por isso é uma das minhas referências (risos). Ou seja, já nesse período Stieglitz entendia que a fotografia poderia ir muito além de recriar cenas e retratos, por exemplo, de maneira fiel, mas também como uma forma de expressão do fotógrafo, usando a imagem como conceito de ideias.
Nesta mesma linha de pensamento sobre fotografia e arte considero também outros dois grandes nomes na história da fotografia. Edward Weston (1886-1958) e Ansel Adams (1902-1984) como também os considero fotógrafos que abriram a porta para a fotografia de arte. Cada um com estilo e técnicas incríveis.
“A fotografia, como um poderoso meio de expressão e comunicação, oferece uma variedade infinita de percepção, interpretação e execução.” Ansel Adams
Adams comentava que era fundamental o fotógrafo o conhecimento técnico capaz de lhe fornecer as ferramentas necessárias para que então a magia aconteça, o que siginifica: a criação de imagens espetaculares a partir do seu olhar e do seu espírito, que fossem muito além da reprodução.
“O acaso favorece a mente preparada” foi uma das expressões favoritas de Ansel Adams e um conceito que lhe permitiu alcançar com sucesso sua visão artística. O segredo para criar sua própria imagem expressiva, que comunica sua visão artística, não está nas ferramentas ou na tecnologia que você usa. É saber "ver" com intenção e ter as habilidades necessárias para capturar e interpretar o que você vê para torná-lo seu.” Ansel Adams
“Eu não vejo nenhum motivo para registrar o óbvio.” Edward Weston
“Agora, consultar as regras da composição antes de tirar uma foto é como consultar a lei da gravidade antes de dar um passeio. Tais regras e leis são deduzidas do fato consumado, mas são o produto da reflexão.” Edward Weston
"Através do olho fotográfico, você pode ver o mundo sob uma nova luz; um mundo quase inexplorado e desconhecido; um mundo que espera ser descoberto e revelado." Edward Weston
Ao falar de fotografia e arte é impossível separá-las de uma questão: sentimento. Na vida, as pessoas só oferecem aquilo podem ou possuem. Na fotografia não é diferente. O resultado da sua fotografia será aquilo que você conseguirá entregar com base naquilo que você tem guardado em você e sabe. Gosto bastante de usar essas analogias da vida, da natureza com questões da fotografia, pois facilita o entendimento e o aprendizado e reforça ainda mais a importância da fotografia.
Além de um clique, por Dennis Calçada.