Acredito que ter referências, pesquisar outros trabalhos, imagens e profissionais deve e necessita ser um exercício constante. Tanto para aumentar sua bagagem de conhecimento naquilo que você se propôs a fazer, como para aumentar a excelência no seu trabalho. Naturalmente isso vai lhe ajudar a encontrar um estilo próprio.
Neste sentido um dos fotógrafos que gosto muito de ter como referência é o austríaco Ernst Hass (1921-1986). Vou comentar alguns dos motivos pelo qual Hass é uma das fontes onde gosto de saciar um pouco minha sede por aprender.
A primeira que logo me chamou a atenção é que era conhecido por gostar de quebrar as regras. Imagina isso na fotografia ainda na década de 50. Ousadia pura e personalidade marcante. Afinal, se você quer ser diferente e se destacar é preciso fazer coisas diferentes.
Bem provavelmente por ter iniciado a carreira como pintor, Ernst Hass começou a mostrar em suas imagens o gosto pelo uso das cores. Para ele cor era alegria. Alegria que resultava na liberdade que criava suas imagens com forte apelo visual. Resultado, fotografias saturadas e bem vibrantes, às vezes levemente desfocadas e com um quê de subjetividade e leveza. Particularmente gosto muito quando tem esse equilíbrio entre os opostos.
Desta maneira logo ficou conhecido como o pioneiro no uso das cores e então começou a criar e impor seu estilo, sua assinatura.
Além disso suas imagens eram “livres”, sem amarras jornalísticas, regra disso ou daquilo. Afinal, antes de tudo devemos lembrar que fotografia é alma e sentimento.
Um dos seus ensaios, que retratavam os prisioneiros de guerra que chegavam para se refugiar na cidade, logo chamou a atenção de Robert Capa, que o chamou para fazer parte da Magnum Photos.
Depois já em Nova Iorque e com seu estilo marcante e reconhecido, criou uma série com 24 imagens da cidade para a revista Life denominado “Images of a Magic City”, no qual considerado um marco na fotografia editorial.
Hass descrevia sua fotografia como “uma nova filosofia do olhar”. Aliás, por intermédio de suas frases e textos também da para entender bem o perfil e estilo que gostava de aplicar nas imagens. “Nós podemos escrever novos capítulos em uma língua visual, na qual a prosa e a poesia não necessitam mais de tradução”.