O uso do repertório visual na hora do clique
“Se eu pintar um cavalo selvagem, você pode não ver o cavalo… mas certamente você verá a selvageria!” Pablo Picasso. Gosto bastante da referência do pintor espanhol, não apenas das suas obras por toda ousadia e quebra de “regras”, mas também por seus pensamentos e reflexões, assim como este da frase que acabei de ressaltar no início.
Fotografo a natureza, mas nem sempre você a enxergará nitidamente, e me refiro no sentido de apenas estar a representando fielmente. Por que gosto de fotografar como imagino a cena e não necessariamente apenas “copiá-la”.
Aliás, abrindo um parênteses, um dos grandes proveitos do movimento dos pintores impressionistas, contemporâneos ao surgimento da fotografia, foi justamente esse, o de ganhar a liberdade para criar e se expressarem livremente, sem o peso da responsabilidade de ter que representarem justamente a cena como ela era - seja uma paisagem, um retrato, o cotidiano, uma natureza morta -. Afinal, a fotografia era precisa e mais ágil para esta finalidade.
E tudo isso para contar um pouco da história desta fotografia que registrei e que aconteceu na época de cheia no Pantanal (Nhecolândia). Mais que enxergar a natureza e reflexos em si, aqui, de imediato, enxerguei as formas alongadas das esculturas do artista plástico Giacometti.
Ou seja, ALÉM DE UM CLIQUE, é sobre isso também, aplicar a sua bagagem e repertório visual adquiridos da maneira que mais lhe agrada. Seja através das referências na fotografia e/ou, principalmente, também em outras fontes como filmes, pinturas, livros, exposições...
➡️ Alberto Giacometti (1901-1966. Suíça) foi um dos escultores mais importantes do século XX que se destacou na escultura surrealista e na pintura expressionista.
O existencialismo na obra de Giacometti traduz-se numa essencialidade e numa repetição dos meios expressivos e dos gestos formais, que imprimem à figura humana uma significação fundamental: uma linha vertical confrontando com a horizontalidade do mundo.