“Está cada vez mais claro para mim que minha arte se relaciona cada vez mais com uma sublimação de minha proximidade com o mundo natural, são eventos, luz própria e o positivo ... é uma expressão pessoal baseada em observação e reação, que eu sou incapaz de definir, exceto em termos do trabalho em si.” Ansel Adams
Com este pensamento de Ansel Adams, uma das minhas referências na fotografia, que inicio este texto. Justamente isso, uma aproximação do contato com a natureza, um dos fatores que me levaram a fotografar os elementos naturais. Me encontrei, mas não apenas isso.
Trata-se, também, de uma oportunidade para o tão necessário tempo com você mesmo, cada vez mais complicado de se conseguir no dia a dia pelos diversos fatores que conhecemos, resquícios da tal “modernidade”.
Acredito que deve estar pensando, mas pera aí, mas o seu o intuito não é ir para natureza para fotografar? Sim, mas no meu caso particularmente encaro também o ato de fotografar como uma meditação. Por isso costumo dizer o termo muito além do clique.
Primeiro, não se pode chegar e já sair fotografando. Isso tudo que estou e irei comentar, no caso, serve e funciona para mim. Cada um se adapta a determinados estilos e métodos. Portanto não se trata de uma verdade absoluta, mas sim onde me encontrei dentro da fotografia.
Assim como na meditação, o ato fotográfico também lhe exige a necessidade de você desacelerar A fotografia lhe ensina o poder da observação, do ambiente e o seu próprio. Enquanto em uma você mergulha no seu interior, na outra a busca por toda sua bagagem visual adquirida, seja por estudos, leituras, referências, exposições que frequentou.
Respeito e reverência com o local sagrado que você está de passagem. Sábia, a natureza a todo instante está lhe passando ensinamentos, basta estar atento para captá-los. Se permita sentir a energia e vibração do local. Entenda o seu tamanho perante toda grandiosidade da nossa mãe Gaia. Pés no chão sempre e literalmente falando sempre que possível. Energiza. Somos todos um só.
Pronto, agora que transbordou, entendeu e se adaptou a todo contexto do momento se esvazie. Sim, desaprenda, o vazio é necessário para o novo que está prestes acontecer ter também o seu espaço. Um eterno ir e vir de cheias e secas como nos rios. Leve como se já estivesse num estado meditativo, assim como um arqueiro zen (A arte cavalheiresca do arqueiro zen, livro que aborda muito bem este assunto e aproveito para indicar) e deixe fluir....
Agora o clique flui sem parecer um movimento mecanizado e automático. Pronto para começar a “caçada” por imagens, ou não. Afinal, acredito que nós somos “caçados” pelas imagens. Elas que nos chamam, mas se a sintonia entre ambos não estiver alinhada, esquece. Você irá fazer apenas fotografia e não a fotografia.
Isso tudo por que fotografar vai muito além de um clique. Veja com o coração, ouça com os olhos e escreva com a luz do fotografar